Dançando com a Diferença com projecto internacional

No âmbito da continuidade de um trabalho em prol da dança contemporânea e com foco central na Dança Inclusiva, o Dançando com a Diferença, grupo já bem conhecido do público regional e pela qualidade e excelência dos seus trabalhos artísticos, começa 2018 com a realização de projectos internacionais.

A primeira iniciativa neste âmbito, a arrancar já nesta semana, intitula-se ‘Dançando com a Diferença: Arte, Inclusão e Comunidade’ e é um projecto de colaboração internacional de formação e criação artística destinado a pessoas com deficiência da cidade de Goiânia (capital do estado de Goiás no Brasil), professores de instituições de pessoas com deficiência e escolas de dança da referida cidade.

Este projecto conta com recursos do Fundo de Arte e Cultura do Estado de Goiás e está vinculado à extensão universitária da Universidade Federal de Goiás (UFG), numa manutenção clara dos processos de aproximação dos madeirenses da Dança Inclusiva ao meio universitário. Os encontros que se iniciaram ontem, ocorrerão no Centro Cultural da Universidade Federal de Goiás (CCUFG) até ao próximo domingo.

A arte, inclusão e a comunidade é o mote que dá o ponto de partida a este projecto que tem como referência o desenvolvimento e a replicação da obra coreográfica ‘ENDLESS’ de Henrique Amoedo, uma obra de Dança na Comunidade já conhecida nos palcos da Região que teve a sua estreia em 2012 no MUDAS. Museu da Arte Contemporânea da Madeira e reposta em outras duas oportunidades.

Nesta primeira fase, Amoedo iniciará encontros e momentos formativos com a comunidade e equipas locais, onde dará a conhecer o trabalho do grupo Dançando com a Diferença e toda génese e história em torno da coreografia ‘ENDLESS’.

Recorde-se que ‘ENDLESS’ foi a criação resultante do Ma-Ma Project, um projecto europeu de intercâmbio e aprendizagem ao longo da vida apoiado pela Comissão Europeia através do Grundtvig Lifelong Learning Program. Durante a sua criação, ‘ENDLESS’ reuniu em palco participantes e parceiros de diferentes países, nomeadamente a Alemanha, Estónia, Lituânia, Polónia e Portugal. Henrique Amoedo, director artístico do Dançando com a Diferença, refere ao DIÁRIO que “é muito importante conseguir remontar este trabalho internacionalmente, em outro continente. Levaremos à cena uma difícil parte da história recente da Europa, que tem influências no mundo que vivemos hoje. É também muito importante relembrar a vitalidade desta obra que mantém até hoje, em circulação, os resultados de um financiamento recebido em 2012. Isso para mim, para além de vários outros aspectos, é boa gestão dos recursos públicos. Algo muitas vezes descurado e que também deve ser pensado no âmbito cultural, na minha opinião”.

Focada na problemática do Holocausto e do paradoxo da unidade/segregação vivida nesse período da história, esta obra coreográfica procura de forma activa, gerar oportunidades para uma intervenção formativa em torno da inclusão, explica Amoedo. “A sua adaptabilidade, decorrente da volatilidade e presença do sua temática central na consciência das culturas contemporâneas torna esta obra num projecto sócio-cultural capaz de acompanhar as problemáticas correntes do nosso dia-a-dia, desde a segregação, a discriminação, o ódio e a apatia social”. O Dançando com a Diferença ressalva ainda o crescente interesse do público e instituições nacionais pelo aprofundamento do conhecimento da metodologia do grupo e sobretudo sobre o conceito Dança Inclusiva. Tal verificou-se mesmo no início do corrente mês de Janeiro, quando Henrique Amoedo e Telmo Ferreira, foram convidados para dar uma formação de Iniciação à Dança Inclusiva, promovida pela ‘THE NEED For’, uma instituição que desenvolve trabalhos especificos com jovens com necessidades especiais do distrito de Braga. E não só no âmbito cultural se revela o crescente interesse pela temática da inclusão e deficiência. No passado dia 16 de Janeiro, os Dançando com a Diferença fizeram se representar na Conferência ‘A convenção sobre os direitos das pessoas com deficiência: As Respostas de Portugal’ que aconteceu Auditório António de Almeida Santos na Assembleia da República.

Assim, num início de ano que se apresenta intenso em actividades, os Dançando com a Diferença procuram “dar continuidade a um trabalho constante em prol da modificação da imagem social da pessoa com deficiência através das artes, sendo capazes de extrapolar o seu trabalho para fora do país levando consigo o melhor das práticas nacionais de acessibilidade através das artes para outros espaços, iniciando momentos de partilhas de conhecimentos com projectos como ‘Dançando com a Diferença: Arte, Inclusão e Comunidade’”. Segundo acrescenta ainda Henrique Amoedo, este projecto na comunidade tem a sua conclusão programada para o final de Junho de 2018 com a apresentação de 2 ou 3 espectáculos na cidade de Goiânia no Estado Federal de Goiás.

Fonte: Diário de Notícias (Madeira)