Projecto de dança na comunidade no Brasil
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Projecto de dança na comunidade no Brasil
É já amanhã e quarta-feira que o espectáculo “Endless” do grupo “Dançando com a Diferença” será apresentado no Teatro Basileu França em Goiânia, Brasil. Este será o culminar do projecto Dançando com a Diferença: Arte, Inclusão e Comunidade que foi contemplado com o apoio do Fundo de Arte e Cultura do Estado de Goiás, tendo como foco o desenvolvimento de acções formativas, educacionais e artísticas, abordando as questões da inclusão através da arte, a partir da referida obra coreográfica (“Endless” de Henrique Amoedo).
Impulsionada no Brasil por Marlini Dorneles de Lima, esta iniciativa foi capaz de reunir instituições dos dois lados do Atlântico para que “Endless”, um espectáculo onde a dança, a música e o vídeo interagem questionando a condição humana, pudesse ser levado ao Brasil.
Para desenvolver este projecto, Amoedo esteve em Goiânia no passado mês de Janeiro e, desde então, dos dois lados do Atlântico, seguiu-se o trabalho de remontagem desta obra coreográfica que subirá ao palco amanhã e quarta.
Sete pessoas seguiram de Portugal para o Brasil, sendo a primeira internacionalização de dois elementos do Dançando com a Diferença – Viseu.
Recorde-se que o Dançando com a Diferença – Viseu é actualmente o único núcleo deste projecto fora da Madeira, desenvolvido em parceria com o Teatro Viriato e o Conselho Local de Acção Social.
Paula Garcia, desse núcleo, diz ao DIÁRIO que esta primeira deslocação de elementos do GDD/Viseu fora do país é “uma oportunidade magnífica, como experiência e crescimento do trabalho que se está a desenvolver em Viseu” e acrescenta esperar que outras oportunidades surjam.
Sobre o Dançando com a Diferença – Viseu, Paula Garcia diz que “o trabalho que está aqui a ser desenvolvido tem ultrapassado todas as expectativas, quer no que toca à motivação do grupo, quer no que toca à consistência artística do processo que se desenvolve semanalmente aqui no Teatro Viriato. É também de referir a importante coordenação que é feita a partir do Funchal pelo Henrique Amoedo e também a relação que se estabelece entre os grupos do Funchal e Viseu, articulada muitas vezes em ensaios e através de Skype. O processo está sempre em crescendo e de descoberta”, sublinha ao DIÁRIO.
Um trabalho para ter continuidade
Já Marlini Dorneles de Lima afirma que vem a acompanhar o trabalho do Henrique Amoedo desde os anos 90, “no seu trabalho aqui do Brasil com o Roda Viva”. Em 2016, no âmbito de um intercambio artístico no grupo Dançando com a Diferença, Marlini ficou 3 meses na Madeira a acompanhar as actividades do grupo.
“No ano de 2017 fui contemplada com edital do Fundo de Arte e Cultura do estado de Goiás (SEDUCE), projecto que viabilizou a montagem do Endless, no Brasil. O Dançando com a Diferença: Arte, Inclusão e Comunidade culmina na apresentação pública da remontagem desta obra, tendo no elenco o encontro entre intérpretes da companhia com estudantes, artistas, professores de escolas, instituições de educação especial, universidades, músicos e comunidade da cidade de Goiânia e região”.
A escolha de “Endless” para o projecto em causa foi feita por Marlini e Amoedo por ambos acreditarem que este projecto possibilita um trabalho com a comunidade e que pode abordar a perspectiva formativa e artística, sendo que na primeira fase tivemos vivências práticas em dança, assim como uma abordagem teórica sobre os aspectos de ordem conceptual e metodológica que orientam o trabalho do grupo GDD pautado no conceito de Dança Inclusiva, bem como elementos e matrizes estáticas da obra Endless”.
Agora o objectivo é o de mostrar “à comunidade do estado de Goiás, da cidade de Goiânia e outras cidades da região e do país, um espetáculo de dança de excelência artística, e de mostrar principalmente que é possível apresentar um poética que potencializa a diversidade sem perder a qualidade do trabalho”.
Mas Marlini não quer ficar por aqui e quer dar continuidade ao trabalho iniciado. “Actualmente temos cinco núcleos de ensaio, os quais já estão tendo contacto com a proposta metodológica do GDD. Quando finalizar o Endless, iremos iniciar uma trajectória a partir dessas experiências”.
Certo é que amanhã e quarta estarão em palco setenta pessoas, entre estudantes, artistas, professores de escolas, instituições de educação especial, universidades, músicos e comunidade da cidade de Goiânia e região, que apresentarão a criação do Dançando com a Diferença, desta vez, do outro lado do Atlântico.
OBRA CRIADA HÁ 6 ANOS
Recorde-se que a obra criada em 2012 por Henrique Amoedo no âmbito do projecto europeu de intercâmbio e aprendizagem ao longo da vida apoiado pela Comissão Europeia através do Grundtvig Lifelong Learning Program. Durante a sua criação, reuniu parceiros de diferentes países, nomeadamente a Alemanha, Estónia, Lituânia, Polónia e Portugal. Como espectáculo, tem intrinsecamente a capacidade de se adaptar à volatilidade e inconstância das sociedades actuais aos mais diversos níveis.
A obra tem o seu principal foco o Holocausto, vivido durante II Guerra Mundial, não com uma perspectiva ou abordagem histórica, mas como uma obra artística que alerta para a importância de rever o passado, fazer as suas ligações com o presente, para que – se possível – se tenha um olhar atento para o que queremos para o nosso futuro.
Fonte: Diário de Notícias da Madeira
Jornalista: Ana Luísa Correia