Bailarinos Revelam Sonhos em "HAPPY ISLAND"

Bailarinos Revelam Sonhos em "HAPPY ISLAND"

O diretor artístico do Dançando com a Diferença, Henrique Amoedo, explicou aos jornalistas que a sua ideia inicial era que a La Ribot criasse três solos, que seriam interpretados pela Joana, pela Sofia e pela Bárbara. No entanto, depois de conhecer a Madeira e o elenco do grupo, a coreógrafa achou que a riqueza das suas características justificava que todos, os 35 bailarinos, participassem no espetáculo. “Eu disse que isso era impossível para a produção, porque seria um espetáculo que dificilmente iriamos conseguir mover, e surgiu a proposta de as pessoas todas estarem integradas no filme da Raquel Freire”, contou Henrique Amoedo.
La Ribot explorou as particularidades de cada um dos bailarinos até porque, como disse Maria João Pereira aos jornalistas: “nós não temos deficiência, estamos aqui para enaltecer as nossas vantagens”. Por exemplo, esta bailarina surge em palco fora da cadeira de rodas, vestida de serpente e estendida no chão, a tremer, sendo os movimentos do seu corpo “ampliados” pelo chapéu de plumas que tem na cabeça.


“A Maria consegue-se movimentar de uma forma que ninguém consegue. Tem um movimento específico que, por mais que isso fosse treinado por qualquer bailarino para fazer igual, ia ser muito difícil”, disse Henrique Amoedo, acrescentando que o que a La Ribot fez foi “aproveitar as capacidades de cada um e levar isso para a cena”. O diretor artístico do grupo Dançando com a Diferença explicou que o espetáculo “tem muito da vontade e do desejo de cada um deles”, o que se reflete até na parte mais logística. “Eles são cocriadores. As roupas, a forma como eles se apresentam, [tudo] tem a ver com uma junção do sonho de cada um com o que La Ribot viu para cada um”, frisou. Uma das cenas do espetáculo mostra, projetados no filme de Raquel Freire, depoimentos dos bailarinos e de familiares seus sobre os sonhos e desejos que têm para a sua vida. “A La Ribot apropria-se do sonho e das histórias de cada um e conta uma outra história, mas dentro da linguagem característica que é o trabalho dela”, disse Henrique Amoedo. Segundo o diretor artístico, o espetáculo “toca em assuntos que são muito tabu quando há a questão da deficiência envolvida, mesmo que seja no processo cénico”, sendo desafiante para todos. “Espero que leve o público também a pensar que as pessoas com deficiência têm desejos, têm vontades, e podem falar por elas próprias. É o maior desafio dentro deste espetáculo”, realçou.


O espetáculo mostra o que mais marcou a La Ribot na Madeira, nomeadamente a floresta milenar do Fanal e os túneis rasgados em toda a ilha. Telmo Ferreira, que sempre foi bailarino do grupo, teve o desafio de assistir La Ribot nesta produção. “Foi muito desafiante para mim, porque desde os meus onze anos sempre estive em todos os espetáculos, mas a dançar, nunca estive nesta parte de bastidores. Com a La Ribot aprendi imenso”, sublinhou.


O espetáculo “Happy Island” estreou-se em setembro, no Grütli – Centro de Produção e Difusão das Artes Performativas, em Genebra, na Suíça, integrando o Festival de La Batiê. Também foi apresentado em Madrid, na Casa Escendida, integrando o IDEM 2018 - Festival Internacional de Artes Escénicas, fazendo agora a estreia nacional em Viseu, onde será apresentado sexta-feira e sábado.

 

Fonte: RTP Madeira