"Happy Island" chega aos palcos nacionais
- 5892
"Happy Island" chega aos palcos nacionais
É já esta noite que os palcos de Portugal Continental recebem pela primeira vez o espetáculo 'Happy Island', uma criação da espanhola La Ribot para o grupo Dançando com a Diferença.
A antestreia desta criação aconteceu no passado mês de Maio, na Madeira, no auditório do MUDAS, Museu de Arte Contemporânea da Madeira.
Seguiu-se a estreia absoluta integrada no La Batiê – Festival de Genebra (Suíça), com cinco sessões com lotações esgotadas no Le Grütli – Centre de Production et des Artes Vivants e depois mais três sessões, também esgotadas no Festival Internacional de Artes Escénicas - ÌDEM 2018 da La Casa Encendida (Madrid) no mês de Setembro.
‘Happy Island’ de La Ribot para o Dançando com a Diferença, com um filme de Raquel Freire, tem sido sucesso de público e crítica por onde tem passado e agora chega o momento da sua estreia em Portugal na abertura da New Age New Time - NANT 2018 no Teatro Viriato (Viseu), hoje e amanhã, seguindo para a capital do país para um espetáculo na emblemática CULTURGEST (Lisboa), no próximo dia 23 de Novembro.
No texto de apresentação da criação de La Ribot, Claudia Galhós refere: “Em ‘Happy Island’ há pessoas que são lugares e lugares que são pessoas e no encontro, ou tensão, entre os dois gera-se ficção, mito, lenda. E nunca saímos do real. Nunca abandonamos as pessoas, em riso e em lágrimas. Nunca saímos do Fanal, o vertiginoso ponto mais alto da floresta do Funchal, onde o céu parece tocar as entranhas da terra – é isso também que vemos no filme de Raquel Freire, assim como a comunidade alargada de toda a companhia de dança em festa de expressão do sentir sensual”.
Já Maria João Pereira, intérprete em 'Happy Island', quando questionada sobre a sensação de dançar esta criação de La Ribot integrada no elenco do Dançando com a Diferença refere que “cada espetáculo é um momento novo, a cada espetáculo há algo de novo, a cada crescemos como artistas e pessoas”.
Telmo Ferreira, que em 'Happy Island' desempenha a função de Assistente de Coreografia referiu: “Trabalhar com a La Ribot permitiu-me conhecer o grupo e a criação de uma forma que nunca antes havia experienciado, o amor pela obra e pelo detalhe desta coreografa enriqueceu-me como profissional e como pessoa”.
Recorde-se que 'Happy Island' é uma produção do Dançando com a Diferença - Madeira - e da La Ribot - Genebra, em co-produção com Le Grütli - Centre de Production & Diffusion des Arts Vivants – Festival La Batiê – Genève e o CN D, Centre National de la Danse – Paris e ainda as ‘Comemorações dos 600 anos do descobrimento da Madeira e do Porto Santo’ - Portugal.
Com ainda com o apoio de la Fondation Ernst Göhner, AC/E (Acción Cultural Española), NAVE (Chile). O Dançando com a Diferença aproveita ainda para agradecer a Mateo Jobin pelo título de 'Happy Island', a Lédia Rodrigues pelo chapéu de plumas, a Eric Weiss pela t-shirt preta e a Marco de Barros e Nuno Borba pelo constante apoio.
Cinco bailarinos em palco
Cinco bailarinos vão revelar os seus sonhos e desejos no espetáculo 'Happy Island', esta noite em Viseu.
O palco do Teatro Viriato será ocupado por Joana Caetano, Sofia Marote, Maria João Pereira, Bárbara Matos e Pedro Alexandre Silva, mas os restantes elementos deste grupo de dança inclusiva, que tem sede na Madeira, também estarão presentes, num filme dirigido por Raquel Freire, que servirá de cenário ao espetáculo.
O director artístico do Dançando com a Diferença, Henrique Amoedo, explicou aos jornalistas que a sua ideia inicial era que a La Ribot criasse três solos, que seriam interpretados pela Joana, pela Sofia e pela Bárbara.
No entanto, depois de conhecer a Madeira e o elenco do grupo a coreografa achou que a riqueza das suas características justificava que todos os bailarinos participassem no espetáculo.
“Eu disse que isso era impossível para a produção, porque seria um espetáculo que dificilmente iriamos conseguir mover, e surgiu a proposta de as pessoas todas estarem integradas no filme de Raquel Freire”, contou Henrique Amoedo.
La Ribot explorou as particularidades de cada um dos bailarinos até porque, como disse Maria João Pereira aos jornalistas: “nós não temos deficiência, estamos aqui para enaltecer as nossas vantagens”.
Por exemplo, esta bailarina surge em palco fora da cadeira de rodas, vestida de serpente e estendida no chão, a tremer, sendo os movimentos do seu corpo “ampliados” pelo chapéu de plumas que tem na cabeça.
“A Maria consegue-se movimentar de uma forma que ninguém consegue. Tem um movimento específico que, por mais que isso fosse treinado por qualquer bailarino para fazer igual, ia ser muito difícil”, disse Henrique Amoedo, acrescentando que o que a La Ribot fez foi “aproveitar as capacidades de cada um e levar isso para a cena”.
O director artístico do grupo Dançando com a Diferença explicou que o espetáculo “tem muito da vontade e do desejo de cada um deles”, o que se reflete na parte mais logística.
“Eles são co-criadores. As roupas, a forma como eles se apresentam, [tudo] tem a ver com a junção do sonho de cada um com o que La Ribot viu para cada um”, frisou.
autor: Ana Luísa Correia
fonte: Diário de Notícias (página 40)